A maior feira de varejo do mundo, a NRF 2025, é um marco anual para o comércio. O Retail Big Show apresenta as tendências, cases de sucesso e melhores estratégias para o setor. E, não é só isso; têm inúmeros eventos paralelos complementares a NRF, como as já tradicionais visitas técnicas, em que grupos de lojistas são convidados a explorar as lojas nova yorkinas – muitas delas flagships de marcas renomadas -, para aprender na prática, visualizando as aplicações do que é dito nos palcos.
O tema da NRF 2025 foi ‘’Game Changer’’, em português seria, o ‘’jogo mudou’’ ou “a mudança do jogo”. Mas, a verdade é que essa mudança não é de agora, o comportamento de compra mudou. A cada edição, fica mais nítido o quanto o varejo precisa de tecnologia para operar, encantar e fidelizar os consumidores, investir nessa infraestrutura é fundamental. As visitas técnicas, especialmente da comitiva FGV e Sindilojas Porto Alegre, reforçam isso. Vem conferir as lojas destaques de Nova York e como estão reinventando a experiência do cliente com serviços agregados e diferenciais competitivos para diferentes gerações de consumidores.
Petco – Segundo maior varejista do setor pet
Imagina um lugar onde seu pet não é só um cliente, mas a estrela principal? Isso é o que a Petco criou, um conceito totalmente novo de petshop que vai muito além do básico. Aqui, cada cantinho é pensado para proporcionar uma experiência única para os animais e seus tutores.
A Petco não é só uma loja, é um centro completo de bem-estar para animais. Oferece uma variedade de serviços para atender às necessidades dos pets e proporcionar uma experiência divertida e útil para os tutores, como: treinamento, ala veterinária, espaço para banho em que o tutor mesmo pode dar o banho (perfeito para aqueles bichinhos mais tímidos) e outros espaços.
O carinho e preocupação com os animais está presente em toda proposta da Petco. Há uma área dedicada à divulgação de ONGs, que gratuitamente podem usar os espaços e serviços de retail media (uma das tendências em destaques da NRF). Outro grande destaque da marca é o atendimento! Os funcionários da Petco não são simplesmente atendentes, são tutores apaixonados pela causa, assim como os clientes.
O verdadeiro “pulo do gato” está na construção dessa imersão no universo animal com riqueza de detalhes e sem nunca esquecer de fazer o básico bem feito (olha o lembrete da NRF 2024). Ou seja, a operação cativa pela emoção e fideliza pela excelência.
Não é só sobre oferecer produtos – é sobre entender as necessidades de cada cliente, criar um fluxo de compra fluido e estabelecer uma conexão genuína com a comunidade, fazendo todos se sentirem parte de algo especial.
APL – Tênis esportivos e ambiente diferenciado
Já começamos com esse marketing gigante: A APL foi a primeira marca de tênis a ser banida do NBA, os materiais e a tecnologia dos produtos são de tanta qualidade que estava melhorando significativamente a performance dos jogadores. Mas a marca não para por aí: o espaço em si é mais uma galeria de arte do que um simples ponto de venda. A estética da loja foge completamente das lojas de departamentos esportivos, adotando uma linha mais clean e sofisticada, com um grande foco no controle sensorial, uma estratégia que remete ao conceito de slow retail. Aqui, o objetivo é transformar a visita à loja em um momento tranquilo e prazeroso, sem agitação ou estímulos excessivos. Por exemplo, quando a loja está mais cheia, as luzes são suavizadas para criar uma sensação de relaxamento.
Outro destaque é que a loja não possui caixas tradicionais; em vez disso, os atendentes usam tablets para gerenciar os pagamentos, mantendo o foco total no cliente, sem contar o ganho de flexibilidade ao adaptar a capacidade de atendimento com a demanda da loja; basta simplesmente logar em mais um dispositivo e atender. Que é uma grande aposta da NRF, a Smarft POS, que possibilita vender de qualquer dispositivo. A marca realmente redefiniu o conceito de loja de tênis.
Dyson – Inovação e tecnologia
A Dyson se destaca pela inovação e tecnologia de ponta em produtos como headphones, aspiradores de pó e secadores de cabelo. Mas no primeiro contato, muitos consumidores ficam em dúvida sobre o que realmente justifica o alto preço dos produtos. A varejista investe (e muito) no atendimento ao cliente, ou seja, aqui que a qualificação do time de vendas faz toda a diferença, pois eles são treinados para demonstrar o valor e as características exclusivas de cada item, ajudando o cliente a entender o que torna o produto único. A estratégia é simples: experiência imersiva – ao vivenciarem a tecnologia e o desempenho superior dos produtos, os consumidores tendem a retornar para finalizar a compra. Por isso, o atendimento e a curiosidade de testar é a chave da venda. Cada interação na loja é pensada para mostrar o valor real dos produtos, criando um vínculo com o consumidor e fazendo ele retornar.
Outro ponto que auxilia nesse fluxo, é que a loja não é apenas um ponto de venda, mas uma experiência física que possui todo um conceito por trás, já que a loja física é inspirada em um museu, então, cada detalhe de posicionamento é importante para dar mais valorização ao produto. Esse fluxo da Dyson é a “quinta parede” no varejo – a combinação de realidade aumentada, tecnologia e engajamento sensorial para criar experiências únicas e para a marca, criar mais vendas.
STOP & SHOP – Soluções tecnológicas de ponta a ponta
O grande destaque da Stop & Shop está na personalização e agilidade, alinhadas com uma tendência importante apontada na NRF: a personalização durante toda a jornada de compra, do início ao fim. Isso envolve desde a descoberta e reconhecimento do problema, até a consideração das soluções, a decisão de compra e o pós-venda, criando uma experiência sem atritos.
Na prática, a Stop & Shop usa tecnologia de ponta para oferecer serviços inovadores. Através de sensores espalhados pela loja, os clientes podem acessar informações como pressão arterial, risco de diabetes e níveis de glicose, permitindo um atendimento mais personalizado. Quando um problema é identificado, o processo de checkout é simplificado: scanners registram os produtos à medida que o cliente passa pela loja. No pós-compra, a marca investe em aplicativos e programas de fidelidade, oferecendo benefícios exclusivos. Essas tecnologias não só melhoram a experiência do cliente, mas também fortalecem a fidelização, tornando a jornada de compra mais completa e satisfatória. Isso cria um ciclo positivo, que incentiva os consumidores a retornarem, atraídos tanto pelos benefícios quanto pela experiência.
Por último, a Stop & Shop também se destaca pela organização interna. Com soluções de rastreamento de estoque em tempo real, a loja garante a disponibilidade contínua de produtos, o que facilita a reposição e reduz erros operacionais, impactando diretamente na eficiência da operação como um todo.
FOOT LOCKER – Experiência no PDV
A Foot Locker traz na prática um dos grandes destaques para o comércio em 2025: transformar o ponto de venda em algo além de um simples espaço de transação. O ambiente físico é cuidadosamente planejado para refletir o nicho da marca, com uma decoração que remete ao universo dos produtos esportivos. Até os manequins estão alinhados a essa proposta. Outro ponto forte da loja é o atendimento personalizado e consultivo, ajudando os consumidores a escolher o calçado ideal para suas necessidades.
E o grande destaque aqui é o entretenimento, a imersão e, claro, a personalização!. A loja oferece uma máquina que escaneia os seus pés e, com base nas características deles, sugere o tênis com o “fit perfeito”. Mas não para por aí: tem também a máquina de shoppertainment, que simula o salto de um jogador de basquete — o esporte queridinho da marca — criando uma competição de “pulos” e exibindo um ranking com os saltos mais impressionantes. Isso só reforça a importância das lojas físicas, que foi um dos principais pontos destacados na NRF 2025: as lojas devem ser locais de storytelling e engajamento. E a marca soube interpretar essa tendência de forma impecável.
CVS – O universo farmacêutico em um lugar só
Farmácia, cuidados, vacinas, produtos de beleza e serviços complementares. Tudo em um só lugar. A CVS se destaca pela sua ampla gama de serviços de saúde e conveniência. Com foco na acessibilidade e atendimento personalizado, a loja oferece uma vasta variedade de produtos, diversas promoções e incentivos para a compra, além de facilitar a experiência online, com a opção de assinar medicamentos contínuos (sem precisar ir à farmácia toda semana, o que é muito melhor). Essa assinatura é possível com a opção de pagamento recorrente, onde fica registrado os dados e informações do cartão do cliente e recorrente ele é cobrado pelos produtos que recebe com a frequência que deseja, tendo mais praticidade e economia. Outro ponto forte é a grande oferta de produtos de marca própria, que atrai muitos consumidores que, de outra forma, não entrariam na loja em busca de medicamentos.
Esse modelo de farmácia não é tão novo no Brasil, também temos as nossas marcas locais que fazem o dever de casa! Panvel, a queridinha gaúcha, adota a mesma abordagem de ter uma linha de produtos próprios. Alguns levam o nome da marca, como os produtos para cuidados com a pele, casa e maquiagens, enquanto outros são investidos em uma marca própria, como a Vert. Outras redes, como a Droga Raia (do Grupo Drogasil), fazem o mesmo movimento; no caso da Droga Raia, a marca própria é a Needs.

Além disso, ambas as marcas estão se movimentando para proporcionar uma experiência igualmente mais integrada, sem deixar espaço para a concorrência, seja ela direta ou indireta. E o que isso tem a ver com a CVS? Bom, não são só as marcas internacionais que estão inovando no varejo — as tendências não ficam restritas às gigantes do setor.
Qual a lição das lojas em destaque na NRF 2025?
Se você, lojista, fizer uma pesquisa rápida sobre tendências, vendas ou crescimento, vai notar algo em comum entre todos os conteúdos: a tecnologia. A concorrência não se resume mais a preço, localização ou produtos bonitos. O diferencial (convenhamos que já é essencial né!?) está em oferecer uma experiência fluida, sem ruídos, em todos os canais de venda da marca. E claro, o pulo do gato é uma jornada de compra impecável, dar motivos para os consumidores querer ir – seja por buscarem uma imersão de marca ou agilidade de compra. Ficou evidente que a semelhança entre as lojas citadas acima é a tecnologia, né? É base para toda operação de varejo, é o que gera lucro, experiências e fontes de receita. Cada varejista tem sua estratégia, logo seu melhor uso e necessidade tecnológica. Enquanto umas transformam suas lojas físicas em espaços de diversão (Make shopping fun again, foi inclusive um jargão bem comentado da NRF) colocando jogos e diversos motivos para os consumidores ficarem mais tempo no estabelecimento, o tal “slow retail” do Lee Peterson. Há aqueles que entregam a personalização por meio do autoatendimento, não só com caixas em totens mas aparelhos de medição de taxas de glicose e pressão para guiar compras. E que investem em recursos. Todas têm em comum a conscientização de que o jogo do varejo mudou e, independente da proposta, a hyper personalização que os avanços tecnológicos entrega está sempre presente. Para isso, é essencial contar com uma infraestrutura de unified commerce, que proporcione uma experiência única da marca, independentemente do canal, além de viabilizar a diversificação de receita (e claro, incremento de entrega e faturamento) com serviços complementares e experiências personalizadas.